quinta-feira, 14 de março de 2013

Conto: Psicologicamente instável

     Em um prédio cercado pela polícia no centro, uma mulher faz refém três pessoas. Ela se chama Roberta e tem problemas psicológicos. Com uma faca ela ameaça as pessoas, olhando pra ela pode-se ver que ela está atormentada. A polícia invade o local, eles tentam conversar com Roberta, ela está muito agitada. Os policiais chegam pouco a pouco perto dela, quando um policial que está à direita a distrai, os dois que estão a frente dela a agarram. Ela se debate, sua mão, a que estava segurando a faca, escapa dos braços dos policiais e estoca a faca no peito de uma das reféns, que cai ensanguentada no chão. Os policiais a rendem e a levam presa. Eles também tentam socorrer a mulher esfaqueada, mas ela não resiste e morre pouco tempo depois.

     Em julgamento, Roberta foi declarada psicologicamente incapaz de compreender seus atos e foi internada em um hospital psiquiátrico.

     Cinco anos após o ocorrido, Roberta é declarada curada. Inocentada do ocorrido, ela volta à sociedade. Não possuía família, entretanto nesses cinco anos um dinheiro ficou parado em sua poupança, o suficiente para recomeçar. Roberta alugou um apartamento, e alguns dias depois conseguiu um trabalho como secretária em um escritório de contabilidade. Aos poucos a vida foi se encaixando no cotidiano.

     Algumas semanas depois Roberta começou a receber flores de um admirador secreto. Isso a animava e lhe dava esperança. Ele pediu um encontro, em um restaurante não muito longe de onde ela trabalhava. “Por que não?”, pensava ela.

     Foi ao encontro e conheceu Eduardo, um rapaz alguns anos mais velha que ela, alto, educado, parecia uma ótima pessoa. Eles conversaram por algumas horas, se divertiram e, no fim da noite, ele lhe pediu seu telefone para marcar um novo encontro. Eles saíram novamente e novamente. Tornaram-se íntimos, e logo começaram a namorar. Ele a levava em lugares ótimos: restaurantes, cinemas, teatros, e a tratava como a uma princesa.

     Alguns meses depois, em uma bela noite, Roberta estava em seu apartamento com Eduardo, eles assistiam a um filme romântico. Ao fim do filme Eduardo a deu um beijo e a levou para a cama. Eles fizeram amor, e ao fim Roberta se sentiu bem, sentiu que sua vida finalmente estava completa, e então adormeceu.

     Ao acordar, Roberta não sente Eduardo ao seu lado na cama, ela se virou e ele está sentado em uma cadeira, entre a porta e a cama, segurando um revólver.
- O que está acontecendo? – Disse Roberta.
- Você se lembra daquela tarde em que você fez refém três pessoas?
- Sim, eu me lembro, e infelizmente nunca vou esquecer.
- Você se lembra que esfaqueou uma mulher naquele dia?
- Hã? Sim, uma mulher foi esfaqueada, só que eu não tive culpa, estava louca! Eu não queria machucar ninguém, afinal, eu passei aqueles anos no hospital por isso.
- Bem, isso foi o que eles disseram, que você estava psicologicamente instável, que tinha surtado. Bem, uma mulher foi morta naquele dia, e nada a respeito foi feito.
- Por que você está dizendo essas coisas Eduardo? – Disse Roberta, já aos prantos.
- Aquela mulher que você matou se chamava Erica, eu a namorei por seis anos. Estávamos noivos e eu descobri alguns dias antes que estava grávida, ela teria um filho meu, você não apenas matou minha mulher como matou meu filho também.
- Eduardo, acalme-se. Aquilo foi uma desventura, não sabia o que estava fazendo, nem sequer lembro o porquê ou como eu cheguei lá.
- Você tirou minha felicidade, tirou minha razão de viver, chegou a hora de pagar!
Os olhos de Eduardo começam a lacrimejar enquanto ele aponta a arma para Roberta, que grita suas últimas palavras…
- MAS EU TE AMO!

     Dois tiros, um no peito e outro na cabeça. O sangue de Roberta escorre pela cama e seus olhos se fecham lentamente. Eduardo começa a rir e chorar, se ajoelha, coloca a arma na boca e realiza um último disparo.